Evangélico cobra direito de ser contra homossexualidade e falar publicamente

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A homossexualidade voltou a ser o assunto do momento no Brasil. O politicamente correto é defender a igualdade, e quando alguém se levanta contra essa bandeira, também deixa a questão no ar: Qual o limite entre liberdade de expressão e homofobia?

O coordenador de marketing, Adriano Hany, resolveu postar no Facebook o seguinte texto: “Poxa, dentro desta coisa louca que anda acontecendo sobre homofobia ou heterofobia,eu não posso nem dizer que sou contra? Isso me torna uma pessoa que odeia a outra? Acho que falo por muitos quando digo: ‘eu só quero neste momento ter o direito de achar que não está certo’".

O debate foi longe, com muitos argumentos contra, do tipo “Religião é religião. Civilidade é civilidade” ou “ Você não precisa achar certo, mas não deve condenar o que ele escolheu fazer da vida dele”, "Mas, e se o seu vizinho João, que é estéril, casar com a estéril Maria?

Também apareceram alguns depoimentos favoráveis: "Tem meu apoio Adriano Hany" ou ”Eu vejo um cara de 2 metros com batom na boca e sou obrigada achar normal…Ele pode usar quanto batom ele quiser, mas daí eu ser obrigada achar certo? Negativo!”

A decisão de publicar o desabafo ocorreu depois do linchamento virtual do candidato a presidência Levy Fidelix (PRTB), que durante debate em rede nacional associou homossexuais à pedofilia, propôs “coragem” para “enfrentar a minoria” gay e ainda deixou todo mundo surpreso ao falar que “aparelho excretor não reproduz”.

“O Fidelix foi a gota d’água, tem muita gente que pensa como eu, mas tem medo de falar. Vi muita gente ofendendo ele, até a OAB quer pedir para impugnar a candidatura do cara. Me dei conta de que tudo que falamos no sentido de não concordar vira uma fuzarca danada. Dizer que não concordo que uma família possa ser formada por dois homens em matrimônio ou duas mulher não pode ser tomado como homofobia. Eu não odeio essas pessoas, não quero o mal ou vou desprezar…Só não concordo e vou tentar mostrar sempre para o meu filho que esse não é o modelo”

Com 37 anos e membro da 1ª Igreja Batista de Campo Grande, ele também defende os pastores que normalmente são considerados radicais. “Eles estão sendo fieis à Bíblia, onde Jesus deixa claro, nas suas próprias palavras que o homem que se deita com homem é abominação”, repete Adriano.

Aos 37 anos, ele diz estar muito preocupado com a forma como o assunto é tratado hoje no Brasil e, inclusive, não gosta que o filho assista novelas, porque a homossexualidade é um tema recorrente nos dias de hoje. “A família que a igreja acredita está sendo atacada e questionada. Tudo esta parecendo normal…Eu não consigo achar normal que um homem case com outro, ou mulher com mulher.. Simples assim…isso quer dizer que eu odeio quem faz? Não, de forma alguma..só que para meu filho eu explico que não é certo. Tento não deixar que ele veja novelas, porque hoje toda novela tem um casal homossexual”

De opinião semelhante, o blogueiro da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, responsável  por análises políticas, destaca a conduta de Fidélix e questiona os argumentos da OAB. “Trata-se de um apanhado de bobagens? Não resta a menor dúvida. Mas há crime? Ora, tenham a santa paciência! Tanto os demais debatedores não entenderam assim que ninguém reagiu — nem a própria Luciana. Na democracia, reitero, existe espaço para as opiniões idiotas.” “Observem que ele nem mesmo diz que pretende mudar a legislação se eleito — coisa que nunca será. Apenas assegura que, se presidente fosse, não estimularia a união homoafetiva. Cadê o crime?”, questiona em texto publicado no site da Revista.

“Sim, ouçam de novo ou releiam a fala de Levy. Dizer uma bobagem tem de ser diferente de praticar um crime. Uma fala como essa não geraria celeuma em nenhuma democracia do mundo, mesmo naquelas severamente patrulhadas pelos politicamente corretos. A razão é simples: a liberdade de expressão é um valor intocável. A menos que seja usada para incitar a prática de crimes. Não me parece que seja o caso deste senhor”, pontua Reinaldo Azevedo.