Número de parlamentares evangélicos na Câmara cresce 3% nestas eleições

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Parlamentares com posições conservadoras em relação a causas sociais se consolidaram como maioria na eleição da Câmara, de acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), consolidada e respeitada organização que há 31 anos monitora e estuda ações dos poderes da República, especialmente o Congresso Nacional.

Um balanço mais definitivo do número dos evangélicos eleitos já pode ser apresentado, depois de contatos com vários pesquisadores e especialistas, e acesso à lista divulgada pela assessoria da Frente Parlamentar Evangélica, publicada no jornal O Globo.

As estimativas analíticas indicavam a denominada “bancada evangélica” chegaria a 100 parlamentares, mantidos os 20% de aumento que se concretizaram nos últimos pleitos. A Frente Parlamentar Evangélica apregoava um crescimento de 30%. Era parte da campanha de lideranças mais destacadas desse segmento de que os evangélicos ganhariam mais poder com mais vagas no congresso. Nomes como deputado Marco Feliciano (PSC-SP) eram propagados com vistas ao alcance de um milhão de votos. Um de seus apoiadores, o Pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo Silas Malafaia, chegou a afirmar ao jornal Folha de S. Paulo: “Se o Feliciano tiver menos de 400 mil votos na próxima eleição, eu estou mudando de nome”.  Esta também foi a aposta do partido do deputado Feliciano, o PSC, que decidiu lançar o Pastor Everaldo como candidato à Presidência da República.

Já com a divulgação das primeiras listas de deputados evangélicos, ficava claro que as estimativas de 20 a 30% de aumento da bancada não seriam alcançadas. Números se apresentavam, nas mídias religiosas e não-religiosas, ou bem abaixo dos cerca de 100 parlamentares previstos (57 ou 66, entre os mais “realistas”) ou mais próximos da previsão, porém ainda abaixo dos 100 (80 a 82, entre os mais otimistas).

O DIAP divulgou uma primeira lista, em 6 de outubro, com 53 nomes, indicada como “preliminar”. Depois veio “lista provisória” divulgada para a imprensa pela Frente Parlamentar Evangélica (FPE), com 80 nomes (corrigida depois para menos, 79 parlamentares). A relação do DIAP foi publicada em sites evangélicos como o Gospel+ (que atualizou para 57 eleitos, mas destacou a diminuição) e o Gospel Prime (que atualizou para 66). A primeira relação da FPE, não corrigida, foi publicada pelo jornal O Globo, que destacou o crescimento de 14%.  Esta matéria foi reproduzida pelo site Verdade Gospel, que celebrou os números como crescimento expressivo de 14%, com 80 indicados). O DIAP publicou em 8 de outubro, uma segunda lista baseada na primeira lista provisória, não corrigida, da FPE, e acrescentou mais três nomes, apresentando um total de 82 parlamentares evangélicos.

Com base nestas listas, em checagem de material de divulgação dos candidatos, bases de dados, contatos locais, e ouvidos analistas e especialistas, foi possível chegar a uma lista mais próxima do definitivo, com 72 nomes. Em comparação com o grupo de 70 eleitos/as na atual legislatura, houve 3% de aumento de deputados identificados como evangélicos na Câmara. Um número muito abaixo dos 20% ou 30% apregoados, e ainda bem inferior aos 14% celebrados pela FPE. 

A relação da FPE, que, inicialmente, chegava a 80 nomes, parece ter sido resultado de uma “caça a nomes” para ampliar a porcentagem de aumento a ser divulgada e evitar divulgar o fracasso numérico, já que, também, sete deputados/as não foram reeleitos/as. Isto pode ser assim entendido porque nove deles não foram identificados, por meio de pesquisa e consultas, como evangélicos: ou declararam filiação católica-romana; ou dizem “se considerar cristãos” e foram apenas apoiados por lideranças de igrejas; ou concorreram por partidos identificados com igrejas, PRB (identificado com a Igreja Universal do Reino de Deus), e PSC (identificado várias denominações) mas não são evangélicos. Um deles, eleito pelo PSC-RJ, foi retirado de uma segunda lista divulgada pela FPE. A relação atualizada do DIAP tem a lista da FPE acrescida de três nomes. Um deles é evangélico, de fato. Os outros dois não são evangélicos: um é católico e o outro não revela identidade religiosa.

Neste levantamento do blog "MÍDIA, RELIGIÃO E POLÍTICA", o número de deputados/as evangélicos/as eleitos/as é 72, o que equivale a 3% de aumento desta represent­­­­ação na Câmara Federal.