Após diagnóstico de “três horas de vida” mãe se recupera e conhece o filho 23 dias após parto

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Vitória Zuppo, de 24 anos, viu alegria de dar à luz um filho logo ser apagada por uma sequência de complicações da Covid-19. O parto do pequeno Benjamin aconteceu em 17 de junho, em Belo Horizonte (MG). Depois do nascimento do bebê, Vitória teve hemorragia, febre e testou positivo para a Covid-19.

“Como ela estava sem sintomas, tivemos alta e os médicos falaram para a gente ficar em observação e explicaram que a Covid-19 em puérperas pode ser muito agressiva, mas a Vitória estava saturando bem. No dia seguinte, ela começou a ficar meio fraca, pálida e no sábado fomos ao hospital. Após exames, foi detectado que o pulmão dela estava 30% comprometido. Só no domingo, quando procuramos outro hospital, os médicos acharam melhor interná-la por precaução”, contou Sandro Gonzalez, marido da Vitória.

Com o agravamento dos sintomas, Vitória foi transferida para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Madre Teresa. Com mais de 90% do pulmão comprometido com o vírus, os médicos informaram que a intubação era inevitável. “Ela estava muito cansada, não conseguia se levantar da cama para jantar no leito. Dava para ver que ela estava querendo chorar, mas nem isso conseguia”, lembra o marido.

Vitória foi intubada no dia 23, mas seu estado de saúde continuava delicado. “O médico disse que a situação era muito grave e nos falaram da ECMO. Disseram que sem a máquina, ela teria apenas três horas de vida, com o aparelho, ela poderia conseguir uma sobrevida. Mesmo intubada, a saturação dela foi a 30. Estava 'semi-morta'”, relatou Sandro.

Havia apenas duas máquinas de ECMO em Belo Horizonte e Vitória conseguiu usá-la horas após ter sido liberada por outro paciente. “Eu estava acabado, chorando, eu não era ninguém mais, pedindo a Deus, clamando por um milagre. Desespero”, disse o marido.

Em 25 de junho, Vitória apresentou uma melhora e foi extubada, sem também precisar da sonda alimentar, mas continuou na ECMO. No dia 29, a máquina foi desligada e os médicos fizeram testes para saber como ela reagiria. Neste dia, Sandro, que é membro da Igreja Batista da Lagoinha, chegou a agradecer às orações.

“Graças a Deus por amizades fortes, por uma família forte e por uma igreja que ora. A exemplo do paralítico descrito no livro de Marcos, a Vitória foi conduzida a Cristo pela igreja, não denominação, mas corpo. Foram milhares de mensagens e orações de todo o mundo, literalmente. E por isso, sou infinitamente grato”.

Horas depois, no entanto, Vitória começou a passar mal e teve uma embolia pulmonar. Ainda no dia 29, ela precisou ser intubada novamente e mais uma vez foi para a ECMO. “A angústia continuava, tudo ficou grave novamente”, lembrou Sandro. No entanto, Vitória foi se recuperando e no dia seguinte, 30 de junho, a máquina foi retirada. Desde então, ela passou a respirar apenas com a ajuda de um cateter de oxigênio de baixa pressão.

Depois de mais de 20 dias sem ver o filho, Vitória recebeu alta da UTI e reencontrou Benjamin no sábado (10), na área externa do hospital. O bebê já tinha 25 dias de vida. Neste domingo (11), ela foi transferida para o quarto para continuar o tratamento. Sandro diz que testemunhou de perto o significado de Emanuel, Deus conosco. “Não se trata de uma metáfora ou de um símbolo. É uma realidade. Houveram momentos difíceis, mas Deus nunca nos desamparou, nem por um momento”, disse.

 

Por: Rhajjah Benites