O cumprimento do decreto municipal que libera o funcionamento das igrejas em Campo Grande deu o que falar no plenário da Câmara Municipal, durante sessão ordinária desta terça-feira (30). A bancada evangélica fez críticas após ação um tanto “agressiva’ da Guarda Civil Metropolitana ao fechar um culto da igreja evangélica Comunidade Cristã Aliançados da Capital ainda durante o seu funcionamento.
Quem levantou a questão foi o vereador Papy (SD) que informou que as igrejas liberadas estão funcionando com capacidade de pessoas por decreto e não com restrição de horário do culto que inicia às 19h30 e geralmente acaba às 21h30. Segundo Papy, houve uma interpretação errada pela Guarda, uma vez que o decreto já havia sido atualizado com o funcionamento do horário.
“Ontem foi fechado culto às 21h, com a presença da Guarda Municipal armada, com viatura em cima da calçada com giroflex ligado, no momento onde as pessoas estão sofrendo dessa grave doença, dessa pandemia, perdendo seus empregos, reduções de salários, distante das famílias entristecidas e preocupadas com o futuro, que estão buscando dentro das igrejas um alento para aumentar sua fé, sendo cuidadas e amparadas, sendo que muitas vezes o poder público não tem capacidade para fazer, essa é uma prerrogativa constitucional, a liberdade do culto para as pessoas expressarem a fé, e ontem as pessoas foram impedidas de encerrar o culto normalmente”, disse.
O parlamentar citou que assim como a igreja Aliançados, bem como as demais igrejas evangélicas em Campo Grande, tem respeitado 100% o plano de biossegurança, como o espaçamento entre as pessoas, utilização de álcool em gel. “Isso é perigoso, igreja sendo denunciada, isso é um grande absurdo”, continua.
Para o pastor Jeremias Flores (Avante) o fato é inadmissível e provavelmente houve um equívoco no cumprimento do decreto. “O prefeito Marquinhos Trad é um cristão ele sabe, desde o ínicio criou a flexibilização das igrejas, mas agora por questão de meia hora, a Guarda ir lá, está certo que está cumprindo seu papel, mas giroflex, arma, que isso? crente não é bandido tá?, trata bandido como deve ser tratado, mas evangélico não podemos admitir isso não, respeite os evangélicos, não só eles mas todas as religiões merecem respeito”, destaca.
O vereador André Salineiro (Avante) também repudiou a ação e até sugeriu que o horário de encerramento das igrejas fosse igual ao toque de recolher. “Trata-se de uma simples ação, dentro dos padrões do decreto do horário de recolher, a busca por um consolo religioso nesse momento de pandemia é muito importante, temos que respeitar o cristão”, ressalta.
Opinião que também compartilha o vereador delegado Wellington (PSDB). Para ele, o horário de funcionamento deve ser igual ao toque de recolher utilizando o bom senso e destacou que se muitas pessoas podem ir para bares e restaurantes até 23h, porque não o cristão não pode estar na Casa de Deus no mesmo horário.
No entanto, como presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, o vereador saiu em defesa do trabalho da Guarda Metropolitana. “Independente do que está acontecendo, a Guarda Municipal tem atribuições legais para ir em qualquer lugar. Não houve tiro para o alto, não teve gente na parede, nós precisamos apoiar a forças policiais com o uso moderado da força. Nós precisamos ter muito bom senso ao falar que a Guarda chegou armada, é dotação dela estar armada, se não, não vai ao local. A Guarda Metropolitana está para proteger a vida das pessoas e ordem pública e nós vamos apoiar”, finaliza.
A reportagem entrou em contato com a Guarda Civil Metropolitana sobre o ocorrido para demais esclarecimentos, mas até o momento não obteve retorno.
O ToNoGospel também entrou em contato com o líder da igreja, pastor Denilson Fonseca, sobre o caso, mas até a publicação desta reportagem não conseguiu contato com o pastor.