Governo quer estimular política do Escolhi Esperar para combater gravidez na adolescência

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O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos estuda criar um programa que estimule jovens a não fazer sexo ou a adiar o início da vida sexual. A estratégia desse programa é uma tentativa de prevenir a gravidez na adolescência e as doenças sexualmente transmissíveis.

Em entrevista ao jornal Folha, a secretária nacional de família, Angela Gandra Martins, diz que a pasta avalia atualmente modelos de políticas “de escolhi esperar, de retardar a relação sexual”.

Angela Gandra Martins – secretaria nacional da familia | FolhaPress

Segundo a secretária, a ideia é criar um programa para conscientizar jovens sobre o que é uma relação sexual e sobre suas consequências.

Questionada se a proposta também deve estimular a oferta e uso de preservativos, Angela afirma que a pasta estuda uma “nova visão” e “outro caminho” para o combate à gravidez na adolescência.

Em comunicado, o ministério afirma que a política do uso de contraceptivos está a cargo do Ministério da Saúde e que o modelo será complementar.

Diz ainda que “os contraceptivos não apresentam 100% de eficácia” –a maioria dos métodos mais conhecidos de prevenção, porém, têm eficácia que chega a 99%, se seguidas as recomendações de uso.

A proposta é semelhante à defendida por movimentos como o “Eu Escolhi Esperar”, que defende que jovens cristãos esperem o casamento para terem relações sexuais.

O fundador do movimento, o pastor Nelson Neto Jr., foi um dos convidados de um seminário promovido pela pasta em dezembro na Câmara dos Deputados com foco na prevenção à vida sexual precoce e gravidez na adolescência.

Reunião para discutir o tema está marcada para a próxima semana. Além da pasta da família, a proposta, classificada oficialmente como “iniciação sexual tardia”, é discutida pela secretaria da criança e adolescente. Não há previsão do valor a ser investido.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2017, ano dos últimos dados consolidados, houve 480.925 nascimentos de bebês com mães entre 10 e 19 anos, o equivalente a 16% dos nascidos vivos.

Apesar de alto, o número de casos de gravidez na adolescência tem tido queda nos últimos anos. Entre 2000 e 2017, a redução foi de 36%.

A secretária nacional da família, defende a proposta de novos modelos. “Se prestamos informação, as pessoas sabem melhor tomar decisões. O que queremos é conscientizar. O que está acontecendo hoje, pais? Os seus filhos estão iniciando relações com 12 anos, e pode engravidar, ir a baile funk, ou ter relações com vários ao mesmo tempo. Vamos falar e ter informações sobre isso para que vocês saibam. Adolescentes: o que é uma relação sexual? Que marca isso vai deixar?”, afirma.

“É conscientizar a pessoa. Não é chegar: aqui tem camisinha, aqui tem anticoncepcionais, vão em frente. Se quiser, pode até usar, mas que saiba qual a consequência.”

Mas não falar de camisinha não pode diminuir a adesão ao preservativo? “Não vemos incompatibilidade nenhuma. Se a pessoa decide que não quer ter relações até os 18, que não quer começar tão cedo, a pessoa não vai ter esse problema. Não estamos questionando a camisinha, estamos questionando a relação humana”, diz.