O primeiro e mais importante de todos os ministérios (para formar Sociedades justas e fraternas, inclusive, formar a Igreja-Noiva do Cristo-Cordeiro) é cuidar integralmente da mulher grávida (Ap 12:4b).
A formação e evolução sadias da inteligência racional, emocional e espiritual da Criança dependem da qualidade das sementes germinativas dos pais e dos tipos de fecundação e gestação que uniram e desenvolveram essas sementes (1Pe :23). Se as fases de fecundação, nidação, gestação, parto, corte (tríplice) do cordão umbilical, saída do útero matrimonial (mãe), entrada no útero patrimonial (pai) e desmame, acontecerem de modo sadio e correto, a Criança de semente normal crescerá com inteligências sem aprisionamentos e fraturas.
As formações plenas e sadias das inteligências da Criança dependem menos dos estímulos vindos dos objetos externos, e mais da qualidade das sementes e das inter-relações física, mental, emocional e espiritual da Criança com a mãe/pai, familiares/vizinhos, durante o período evolutivo vital e crucial que vai de sua fecundação até os primeiros cinco anos de vida. Mais importante que o “leite da mãe” é a “mãe do leite” (Sl 8:2; Mt 21:16).
Descobertas da neurociência indicam que 90% da formação básica das estruturas orgânicas, psíquico-mentais e espirituais do Ser Humano, ocorrem no útero materno, durante a gestação. E só 10% acontecem, de 0 a 10 anos, no útero paterno, isto é, no seio da Família. Essas descobertas têm confirmação bíblica: “É da boca (da mãe) do bebê que mama que Deus tira força para calar o inimigo vingativo” (Sl 8:2). “É da boca das criancinhas que sai o perfeito louvor” (Mt 21:16). “Educa a criança no caminho em que deve andar, que até quando for velha não se desviará desse caminho” (Pv.22:6). O Dragão-Lúcifer está de olho na mulher grávida para traga-lhe o fruto (Ap 12:4,13).
A criança que desenvolve sua mente e espírito mais na base dos sentidos físicos, isto é, que foi criada apenas para dar respostas automáticas (prontas e pré-direcionadas) às suas necessidades físico-fisiológicas-emocionais, crescerá fragilizada, aprisionada, deficiente para indagar, pesquisar, analisar, descobrir e criar. Terá mais dificuldades para perceber que dentro de si mesma (e dos outros) coexistem inteligências e desejos de personagens do Ego-interior que observa/assimila/ inventa/fabrica/ expõe e do Ego-exterior que reage/policia/dirige/negocia. A qualidade moral e espiritual do sentir, pensar, agir e reagir do ser humano, nasce do tipo de desenvolvimento mental e espiritual nos úteros materno e paterno. Essa formação da personalidade resulta em comportamentos mais ou menos normais ou fragilizados de ser, estar e ter neste mundo. As palavras pessoa e personalidade, vem do latim: per-sona e per–sonare, que significam falar/expressar/soar, através da representação (máscara) de personagens ou personificações, como acontece no teatro.
A maior lição psicopedagógica decorrente desta descoberta é esta: a alfabetização só será libertadora quando se levar em conta que: 1º) Nossa língua, antes de ser portuguesa, é materna; 2º) É a com (s) ciência moral e espiritual que deve criar e desenvolver as Ciências, e não o contrário. Educação transformadora é a educação de útero e de berço (JG). “A mão que embala o berço, rege o mundo” (AL). “Quem educa é a Família; a Escola apenas escolariza” (MSC).
A criança que é gerada com inteligências aprisionadas (refúgios psicológicos) não se percebe como sujeito e objeto dos conhecimentos. Sente-se distorcida nas percepções de si, dos outros, e de como é percebida. Não consegue entender que, nas relações Sujeito↔ Objeto↔Sujeito não há mão única e nada acontece por acaso. Todas as transações e interações acontecem em parcerias de várias e mútuas personificações internas e externas, na maioria, inconscientes.
O desenvolvimento correto das estruturas de raciocínio lógico, moral e espiritual, desde o ventre dos pais/avós, garante que a Criança ultrapasse o período sensório-motor; liberte-se dos realismos (nominal, numérico, moral, espiritual); e (re)descubra e (re)invente um mundo de sentimentos, símbolos e ciências que, embora lhe seja cada vez mais real, não causará depressão, porque suas inteligências (intelectiva, afetiva e espiritual) bem desenvolvidas, lhe permite a construção do conceito de objeto permanente (nada se perde). O conceito de objeto permanente é fundamental porque gera a fé-confiança. Ele se forma e cresce na medida em que a Criança é educada em situações e condições para descobrir que tudo aquilo que sai do alcance dos cinco sentidos, continua existindo. Nada se perde; tudo se transforma. Essa “fé confiança” só cresce e amadurece corretamente se os relacionamentos mãe-filho forem corretos e completos durante a gestação e os primeiros anos de vida do bebê. A criança gerada com atrofias na sua con(s)ciência de co-responsabilidade social (todos temos a mesma origem), não dará conta de crescer e assumir-se adulta resolvida (“Lute para manter viva na alma a pequena chama da luz celestial chamada consciência” – JW). Ela terá bloqueios psíquico-mentais que a impedirão de perceber que, nas relações sócio-emocionais, as atrações e repulsões são sempre multilaterais e bipolarizadas, por conta e risco dos desejos/anseios de suas personalidades internas conflitantes, governados pela consciência existencial primitiva , chamada pela Psicanálise Inconsciente. O Inconsciente contem raiz do pecado original: medo&culpa, mágoa &revolta contra o Deus-Criador (Hb 12:1,15). Por isso, o maior inimigo do Homem é o espírito corrompido dele mesmo. Em nossa Clínica realizamos a regeneração dessa Consciência Existencial, pela Palavra Viva, a Semente sem corrupção (1Pe 1:23), começando com a fecundação (Ap 12:5. Sl 139:13-16; Sl 51:5; Sl 8:2).
Só haverá total libertação da mente ou alma aprisionada (ego-prisioneiro) se houver libertação simultânea da autoridade psíquica (ego-carcereiro) que oprime. Se uma criança, por exemplo, apresenta fobias e bloqueios cognitivo-afetivos nas relações e aprendizagens, por causa da educação autoritária parental, sua cura-desbloqueio somente será completa com a libertação de estados de espírito carcereiros, herdados dos pais, e todos co-existentes em sua memória: a remota (útero dos avós) e a infantil (útero dos pais). Libertação: fazer as pazes com Deus-Abba-Cordeiro (João 1:29; Gál 4_6=não há 3ª pessoa, não há Trindade; há Unidade-Par-João 10:30).
Uma pessoa se torna adulta resolvida, quando: a) consegue despoluir e administrar as raízes de desejos corrompidos herdadas, sem destruí-las; b) percebe que os modos de sentir/pensar/agir não são tão conscientes e individuais quanto aparentam; c) consegue assumir que suas manias/fobias envolvem personificações (vozes e imagens familiares, os “arquétipos”) que ela mesma encarna e representa para audiências e plateias reais, na maioria das vezes, imaginárias.
A pessoa só entra no caminho da cura/libertação quando começa ver e trabalhar suas crises existenciais, isto é, quando dá conta de assumir, controlar e representar suas personificações de modo cada vez mais consciente, sadio e equilibrado; quando se assume corresponsável, porém, sem medo-culpa, graças aos exercícios de assimilações/adaptações sadias que, sob condições terapêuticas eficazes, (re)compõem e (re)direcionam sua autoimagem, autoestima, autoconfiança, e dinamizam seus sonhos e realizações. Isso vale também para a “cura espiritual” de pessoas com feridas de espírito. Forma-se e cresce dentro dela uma personalidade síntese curada, que consegue administrar os conflitos, controlar as outras personalidades internas. Quando essa personalidade síntese se torna cristã, pelo encontro com Deus-Filho (o Cristo-Cordeiro), ganha ainda mais autoridade e competência para união e cooperação dos outros personagens internos disciplinados (Pv 12:1).
Por: Prof. Dr. Pr. Jairo Gonçalves- Professor psicopedagógico da PUC/Minas (27 anos) e da UNIPAC/MG (07 anos).