Eu fui abusada, mas Jesus me curou.

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Não há números exatos sobre quantas crianças e adolescentes são vítimas de exploração sexual no Brasil. Segundo estimativa do Disque Denúncia (o Disque 100, serviço nacional de denúncia de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes) registrou em 2014 uma média diária de 13 denúncias de abusos de meninos. O número ainda representa menos de 30% dos casos com meninas.Embora o problema seja de difícil detecção, quem já o sofreu na pele garante: o trauma é real e profundo.

O Portal ToNoGospel ouviu relatos de três mulheres que sofreram abuso sexual na infância. As histórias têm começos diferentes, os relatos chegam carregados de medo, choro e vergonha, mas o fim é o mesmo, Jesus trouxe a cura, a libertação, a restauração para a dor dessas mulheres.

*Os nomes marcados com asteriscos foram trocados para preservar as identidades dessas mulheres.

Violência e abusos na infância

Dos 24 anos de Daniela*, 13 foram de abusos sexuais, prostituição, drogas e bebidas. Dani* relatou que dormia com sua mãe e seu padrasto na mesma cama e por esse motivo presenciava cenas de sexo entre eles e essas cenas borbulhavam em sua mente. “Minha mãe saia para trabalhar e meu padrasto ficava sozinho comigo em casa, era só minha mãe sair que ele tirava minha calcinha e ficava me molestando. Teve um dia que ele tento me penetrar, mais eu gritei e ele pediu para eu ficar quieta, não falar para ninguém” conta ela com lágrimas nos olhos.

Ao TG Dani* disse que chegou a contar para sua mãe os abusos que sofria e ela duvidou. Até que um certo dia sua mãe fingiu que saiu para trabalhar e voltou. Como uma luz no fim do túnel, sua mãe pegou seu padrasto em flagrante, no momento do abuso. “Meu padrasto chegou a agredir minha mãe fisicamente, mas ela colocou ele para fora de casa” relata ela.

Mas as marcas do abuso ficaram na sua mente, “eu pegava minhas bonecas para brincar, eu abusava das minhas bonecas, eu fazia sexo com minhas bonecas. Quando eu ia brincar com meus primos eu queria fazer sexo com eles. Por causa dos abusos, minha sexualidade foi estimulada muito cedo e por esse motivo eu me masturbava todas as noites, dos meus 7 aos 13 anos” conta ela com uma voz apertada.

E foi com 13 anos que Dani* se entregou as drogas e as bebidas, e com 17 anos passou a ser garota de programa em São Paulo. Segundo ela a maioria dos seus amigos gays e garotas de programa sofreram abusos sexuais na infância.

Daniela* hoje é cristã, está convertida a 5 anos e declara com um sorriso na voz dizendo que encontrou uma pessoa que te faz feliz todos os dias, que a amou desde o ventre de sua mãe, que sempre guardou sua vida, o nome dessa pessoa é Jesus. Hoje ela teve sua vida, sua alma, sua mente totalmente renovada, transformada atráves da palavra.

“Eu perdoei o homem que me abusou e pude orar pela vida dele, perdoei a minha mãe e minha avó por tudo” diz ela.

Daniela* deixa um recado as mães que se separaram: “Mães, vocês se separaram do seu esposo, então, quando forem colocar outro homem dentro de suas casas, tomem cuidado, não deixe seus filhos dormirem no mesmo lugar, tenha quartos separados e sempre acreditem em seus filhos porque criança não mente. A Pedofilia leva a prostituição e ao homossexualismo (em alguns casos)”, finaliza ela.

Abusada por 3 homens na infância

Criada pelos pais, Ana* diz não ter tido problemas em casa. Seu problema existiu fora dela, homens que se aproveitam de meninas imaturas e indefesas. “Lembro- me como se fosse hoje, estavámos voltando de uma festa familiar e um estranho ao qual tinhamos dado carona começou a passar as mãos em meus peitos e partes intímas, meu pai estava do lado, mas não viu nada porque havia muita conversa no carro. Foi uma cena assustadora para minha cabeça de criança, aquele homem pegando em mim e eu sem conseguir gritar; o homem sussurou no meu ouvido “não conte nada para o seu pai, ele não vai acreditar e ainda vai bater em você” desabafa ela.

A nossa equipe, Ana* diz que aquela cena de terror iria se repetir mais uma vez. Um certo dia voltando da escola sozinha, um estranho parou ela e ofereçeu uma carona na garupa de sua bibicleta, com o pretexto de que o pneu de trás estava murcho, o homem pede para que Ana* sente na frente, sem reação ela obedeçe e aí começa outra situação de abuso na sua vida. O homem começa a apalpar e a apertar seu pequeno peito; foram segundos que se tornaram horas para ela. Segundo desabafo de Ana*, com lágrimas nos olhos, o abusador só não fez coisa pior porque seu irmão apareceu e como no primeiro caso de abuso, o abusador pede que a mesma não conte a ninguém.

O terceiro abuso seguido de violência foi com 16 anos. Ana* estava na casa de amigos em uma festa quando se retirou para um quarto a fim de dormir, quando acordou já estava sem as partes de baixo e com um homem em cima dela; ela tentou gritar mas foi em vão, ninguém a ouviria por causa do volume alto da música. Ana* foi violentada e novamente não pode fazer nada, ficou atônica, perplexa com tamanha crueldade daquele homem. O tempo passou mais a lembrança, a marca ficou cravada em sua memória, mas graças ao seu encontro com Deus pode ser curada dessas feridas, pode ser uma nova criatura em Cristo Jesus.  Mas algo que ela não consegue fazer até hoje é contar aos pais os abusos que sofreu.

Abusos em casa, prostituição e violência

Para Valéria* os abusos começaram dentro de casa, pois seu tio tentava de todas as formas ter relações sexuais com ela. “Quando eu tinha 12 anos, meu tio mostrava seus orgãos genitais para mim, se masturbava na minha frente, me convidava para assistir filme e quando eu chegava na sua casa o filme era pronô, geralmente ele fazia isso quando minha tia estava viajando. Teve uma vez que ele me ofereceu dinheiro para que eu tivesse relações sexuais com ele” disse Valéria*.

Ela conta que morava em uma fazenda e a escola era muito longe, seu pai a leváva e seu tio buscava, “essa era a pior parte de ir pra escola, porque eu sabia que quando eu entrasse naquele carro ele ia começar a passar a mão no meu corpo” com a voz engasgada desabafa Valéria*.

Por esse motivo conta que não via a hora de sair de casa, de casar e fugir daquela situação. Foi onde ela se viu voltada para outra situação de abuso. Valéria* se relacionou com um homem mais velho que mais tarde a levou para o mundo da prostituição, mundo esse onde era abusada todos os dias pelos clientes e pelo companheiro. Se não bastasse a exploração que sofria Valéria* ainda sofria violência doméstica de todas as formas.

Mas ela sabia que Deus tinha um propósito para a sua vida, que Deus a resgataria daquele inferno. Depois de tentar fugir daquela vida de várias formas, finalmente conseguiu e hoje após longos anos de muito sofrimento encontrou Jesus e se sente  outra pessoa.

“Sinto que atráves da minha vida, do meu testemunho, pessoas que foram abusas ou que sofreram violência terão forças e certeza que à algo bem melhor para a vida delas, algo em Jesus, porque na palavra de Deus diz: “Conhecereis a verdade (palavra) e a verdade te libertará.” (Jo 8.32) finalliza Valéria*.

Projeto Nova

O Projeto nasceu em maio de 2011 para atender a necessidade de crianças e adolescentes vitimizadas pela violência doméstica, exploração sexual e que foram expostas a drogas entre outras situações. No programa chegam crianças com todo tipo de histórico de abuso, e através de acompanhamento, palestras motivacionais, cursos de capacitação entre outras atividades que inclusive envolve a família. “Esse projeto tem proporcionado uma reaproximação afetiva entre mães e filhos”, afirma Viviane Vaz, lider do projeto.

Mais informações sobre o projeto acesse: www.projetonova.com

Saiba a quem recorrer em caso de suspeita de violência sexual infanto-juvenil: Conselhos Tutelares, Varas da Infância e da Juventude, Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente e as Delegacias da Mulher.

 

Por Alzira Gavilan