Duas igrejas em cidades do leste da Turquia – que tiveram suas histórias marcadas pelo massacre de cristãos – foram vandalizadas durante a tentativa de golpe, na última sexta-feira (15), segundo informou a organização cristã 'Middle East Concern'.
Um dos ataques ocorreu na cidade de Malatya, onde três cristãos foram torturados e mortos em 2007, levando a um processo judicial ainda em curso contra os cinco suspeitos do crime. Cristãos turcos esperavam um veredito no final do mês passado, mas o julgamento foi adiado para setembro.
Durante a noite de 15 de Julho, vândalos não identificados quebraram os painéis de vidro da porta da Igreja Protestante de Malatya. O pastor, Tim Stone disse que pensou que alguém que tivesse algum rancor contra a igreja aproveitou a agitação geral para se vingar.
Enquanto isso, em Trabzon, na costa norte, cerca de 10 pessoas quebraram as janelas da Igreja Católica Santa Maria, onde em 2006, um sacerdote, o padre Andrea Santoro foi assassinado. Os delinquentes tentaram invadir a igreja, mas um grupo de vizinhos muçulmanos expulsaram o invasores dali, antes de entrar em contato com um padre.
Os mais recentes ataques contra igrejas são um lembrete doloroso para os cristãos sobre sua vulnerabilidade na Turquia, especialmente em períodos de instabilidade.
Um grupo de líderes religiosos cristãos e judeus da Turquia emitiram uma declaração conjunta, condenando o golpe e chamando a população a agir com amor, paz e justiça. A Associação de Igrejas Protestantes do país também emitiu uma declaração à imprensa, condenando o golpe de Estado e pedindo sabedoria e entendimento aos líderes do país, além de convocar a população a orar pela paz.
Após a tentativa de golpe, a Radio Shema, uma estação cristã com sede em Ankara, enviou um comunicado de imprensa, informando que a "Fatihah" (oração muçulmana pelos mortos) era "continuamente transmitida pelas mesquitas". A notícia mostrou civis no centro de Ancara, cantando "Allahu akbar" ('Alá é grande') – conhecido grito de guerra islâmico usado pelos jihadistas.
Enormes multidões se reuniram em 110.000 mesquitas em todo o país, no domingo, ao meio-dia, em memória daqueles que morreram na tentativa de golpe, citando-os como 'mártires'.
Mas agora, a estação relatou que a vida segue "aparentemente normal", embora "o sentimento geral geral dos turcos seja de raiva contra diferentes alvos ou personalidades diante da situação atual e tudo o que aconteceu.
"Agora, mais do que nunca, é preciso que haja uma presença cristã aqui neste país. Isto pode vir a repercutir, mas devemos fielmente declarar as verdades de Deus para as pessoas aqui, sem menosprezar ninguém. As pessoas estão ainda mais prontas para procurar um novo sistema de crença e, definitivamente, precisam de uma nova fonte de esperança", disse um comunicado da estação de rádio cristã.
As estimativas fornecidas no Relatório Internacional sobre Liberdade Religiosa em 2013 sugerem que os cristãos representam cerca de 0,2% da população total na Turquia, que é de cerca de 75 milhões.
O maior grupo de minoria cristã na Turquia é o da Igreja Ortodoxa Armênia. Estima-se que existam atualmente 90.000 armênios, 25.000 católicos romanos, 20.000 sírios ortodoxos, 15.000 Ortodoxos Russos, 3.000 caldeus iraquianos, 2.500 ortodoxos gregos0 e cerca de 7.000 protestantes que residem na Turquia.
Com informações: Middle East Concern