Fiéis denunciam invasão da PM em igreja no centro de Campo Grande

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Foto: Divulgação

Na noite do último domingo (2), fiéis de uma igreja localizada na Rua Rui Barbosa, no centro de Campo Grande, foram surpreendidos por uma ação da Polícia Militar que gerou indignação e denúncias de abuso de autoridade. Durante o culto, agentes da Força Tática invadiram o templo em busca de uma criança de aproximadamente 2 anos e meio, envolvida em uma disputa de guarda.

Segundo relatos do pastor Lucas Cohen, dirigente da igreja, os policiais estavam posicionados em frente ao local e abordaram violentamente um membro da congregação assim que ele saiu do templo, pressionando-o contra a parede sem apresentar qualquer mandado judicial. “Não tinham mandado, e quando fui conversar com o sargento, ele disse que se não entregássemos a criança, eles iriam invadir a igreja”, afirmou Cohen.

Além da abordagem policial, um homem que acompanhava os agentes alegou ser oficial de justiça e advogado, mas se recusou a mostrar qualquer documento legal. “Tenho um mandado, mas não vou mostrar, só na delegacia”, teria dito o indivíduo.

Desrespeito à liberdade religiosa

O caso ganhou repercussão não apenas pela conduta da PM, mas também pela violação da liberdade religiosa, garantida pela Constituição Federal. O artigo 5º, inciso VI, assegura a inviolabilidade dos cultos religiosos e a proteção de seus espaços, o que levanta questionamentos sobre a legalidade da ação policial.

Cohen enfatizou que a igreja não tinha qualquer envolvimento com a disputa pela guarda da criança e repudiou a postura dos agentes. “Se a PM começar a invadir cultos dessa forma, onde vamos parar? E os pastores e fiéis, como serão tratados?”, questionou.

O delegado de plantão que atendeu ao caso afirmou que não havia necessidade da abordagem, pois não existia mandado de busca ou prisão. No entanto, o membro da igreja que foi abordado acabou passando a noite na delegacia junto com seu advogado.

Medidas legais e investigações

A orientação de advogados consultados é que seja feito um boletim de ocorrência contra os policiais envolvidos, além da identificação dos agentes da guarnição para que medidas legais possam ser tomadas.

Para Cohen, o episódio precisa servir de alerta. “Não podemos deixar que isso se repita. Precisamos garantir a punição dos responsáveis e que as igrejas e seus membros sejam respeitados”, declarou.

O caso segue em investigação, e a comunidade religiosa aguarda uma posição oficial das autoridades sobre os limites da atuação policial e a garantia dos direitos constitucionais.