“Eu tenho a sensação de as pessoas sempre terem desconfiança de mim. Ficou algo que não teve punição para ninguém. Eu fico envergonhado até hoje.” diz Luís, jovem que teve seu nome divulgado em várias reportagens, como se fosse o autor de um crime na região.
A vítima que viu Luís, a princípio, afirmou que não tinha sido ele. Depois os policiais a procuraram novamente e levaram imagens de Luís Otávio na faculdade. Ela notou uma similaridade nas roupas dele e do estuprador, e reconheceu que tinha sido o rapaz. Logo em seguida, ele foi preso.
Durante o período em que ficou preso, Luís fez algumas anotações na Bíblia. “A minha Bíblia ficou esteve lá dentro comigo e anotei as coisas que aconteceram lá. No dia 4 de novembro eu anotei: ‘Deus é fiel e me guardou’. Foi numa briga que teve lá. Foi facada, paulada. Eu não sei de onde eles conseguiram tirar a faca. Mas tinha pessoas ensanguentadas no chão. Eu chorava dia e noite”, lembrou.
“Essa questão de não conseguir ficar em trabalho é muito dolorido. Muitas coisas na cabeça e aquele sentimento de tristeza. Minha vida parou ali. Desenvolvi várias coisas depois de ficar preso, mania de perseguição. Eu faço tratamento psiquiátrico e tomo vários remédios. Se eu não tomar é pesadelo a noite inteira”.
O principal indício contra ele era o de usar roupas parecidas com as do criminoso. Ao longo do processo, a Justiça negou diversos recursos da defesa, e Luís só foi libertado depois que um exame de DNA provou que ele era inocente.
Luís pediu indenização de R$ 1 milhão ao estado de São Paulo por danos morais pelos 11 meses preso em uma cela com quarenta acusados de crimes sexuais e homicídios. Ele perdeu na primeira instância, mas recorreu e conseguiu ganhar a causa.
No entanto, os desembargadores reduziram o valor da ação, alegando que o valor de R$ 80 mil seria suficiente para reparar os danos da prisão injusta. O estado de São Paulo ainda pode recorrer.
Por: Rhajjah Benites