O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas recebeu um relatório da Aliança Evangélica Mundial que denuncia a divulgação de informações falsas sobre os cristãos na Índia e no Nepal. Num relatório submetido para o “Diálogo Interativo com o Relator Especial sobre a promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão” durante a 47ª sessão do Conselho de Direitos Humanos (21 de junho – 15 de julho de 2021), o órgão evangélico que representa 600 milhões de cristãos evangélicos em todo o mundo abordam a “desinformação ideológica e identitária promovida por grupos nacionalistas hindus na Índia e no Nepal”, com o objetivo de prejudicar “grupos religiosos minoritários, particularmente cristãos locais”.
Esforços feitos por organizações cristãs por meio dos quais, em alguns casos, 80.000 pessoas receberam alimentos, também foram difamados por ativistas do Hindutva, que disseram que as conversões foram feitas por meio de orações. Essas afirmações foram refutadas pelas organizações cristãs envolvidas. Mas “em vez de combater ativamente a desinformação, o governo da Índia, liderado pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata, solidificou ainda mais o ambiente de ódio e intolerância para com as minorias religiosas”, diz a WEA.
Somente em 2020 e 2021, “grupos de direitos humanos e vigilantes da liberdade religiosa documentaram escalada de violência, discurso de ódio e desinformação”, diz o relatório da WEA. “Dos 327 incidentes de violência contra a minoria cristã documentados em 2020 pela Evangelical Fellowship of India, pelo menos nove envolveram campanhas de ódio organizadas”.
Também no Nepal, os cristãos são cada vez mais perseguidos. Principalmente desde 2017, quando foi aprovado um novo Código Penal (link), que “legitima o assédio policial e judicial a pastores e cristãos”, diz o relatório da WEA. “O governo do Nepal parece não querer intervir contra a disseminação da desinformação por meio da tecnologia digital, o que estigmatiza ainda mais a minoria cristã e ameaça a capacidade dos cristãos de se manifestarem com liberdade e segurança”.
Um exemplo recente é um documento falsificado de duas organizações cristãs nepalesas que as apresentaram como buscando “divisões étnicas para ganhar conversos”. O texto forjado foi compartilhado no Twitter por um jornalista e, posteriormente, pelo ex-nacionalista hindu e ex-vice-primeiro-ministro do país. Depois que a notícia falsa foi desmascarada por uma respeitada organização de checagem de fatos, nada mudou: “O governo não tomou nenhuma iniciativa contra a desinformação, nem chegou às organizações cristãs interessadas para buscar esclarecimentos”, denuncia a WEA.
O relatório enviado ao Conselho de Direitos Humanos conclui que “na Índia e no Nepal, a resposta dos governos à desinformação tem sido a inação, o desrespeito e até a cumplicidade”. A WEA exorta “os governos do Nepal e da Índia a tomarem medidas ativas para enfrentar desinformação dirigida a grupos religiosos minoritários. Os governos têm a responsabilidade de possibilitar e garantir um contexto que conduza as minorias religiosas a se sentirem encorajadas a falar e se expressar sem medo”.
Por: Rhajjah Benites