Pedro (à esquerda) foi proibido de cantar em Igreja por conta do cabelo
O músico Pedro Henrique Santos, de 22 anos, registrou ontem (8) um boletim de ocorrência por injúria racial no 8º Distrito Policial de Goiânia, após ter sido anteriormente proibido de se apresentar em uma igreja. Segundo ele, a recusa se deveu por causa dos seus cabelos, que segundo o pastor não era "adequado".
A apresentação estava inicialmente marcada para ser realizada no sábado (5) na Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Goiás. O jovem faz parte de um grupo gospel e é músico desde os 12 anos, disse que foi o primeiro a chegar ao local e quando estava à espera dos outros integrantes, foi-lhe dito que não poderia se apresentar.
"Peguei meu violão e fui tocar duas músicas até os meninos chegarem. Foi quando uma mulher que estava organizando o evento disse que eu não poderia tocar pelo meu jeito e que o pastor alegou a recusa como tradição da igreja. A mulher ficou sem entender e eu também fiquei surpreso", descreve Pedro Henrique.
Segundo informações do portal UOL, Pedro explicou que o próprio pastor não conversou diretamente com ele para argumentar a decisão. "Não vou cortar meu cabelo por isso, é uma coisa minha, natural", enfatizou. O jovem afirmou ter sentido um misto de surpresa e raiva diante da situação. "A igreja deveria ver antes então quem pode cantar para não passar essa vergonha. Meu cabelo ser assim não muda nada."
Esta é a primeira apresentação de um grupo gospel em uma instituição religiosa. Após o incidente, Pedro Enrique saiu, acompanhado por outros membros do quarteto. O apoiador e empresário da organização Bruno Pereira não escondeu sua raiva sobre o caso e ligou para o presidente da Associação Adventista do Sétimo Dia do Brasil Central para solicitar uma declaração pública. Ele ressaltou: "É inadmissível que em pleno 2021 algo assim ainda aconteça e que fique sem punição". A assessoria da instituição emitiu um comunicado sobre o incidente e enfatizaram que não tolera qualquer forma de discriminação. A organização afirmou ainda que está investigando “possíveis desentendimentos entre os seus membros, envolvendo uma pessoa que se sente vítima de algum tipo de discriminação”.
ESCLARECIMENTO
A nota também afirma que a "instituição lamenta que ele tenha se sentido ofendido nessa ocasião" e reitera que foi votada, em âmbito mundial, no ano de 2020, uma declaração contra racismo na instituição. Segundo a Polícia Civil, o caso será investigado e o inquérito repassado ao 22º Distrito Policial de Goiânia.
Por: Redação