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Um grupo de cientistas franceses, suecos e dinamarqueses sugerem, através de descobertas, que a “primeira grande pandemia” tenha ocorrido há 5 mil anos e que a cepa ancestral da bactéria “Yersinia Pestis” tenha causado um enorme número de mortes. “Nossa pesquisa revelou o que acreditamos ter sido a primeira grande pandemia da história humana”, afirmou o biólogo Nicolás Rascovan. A sugestão é que tenha ocorrido por volta de 5.700 a 5.100 anos atrás.
Descoberto em 1894, Yersinia é um vírus que pode infectar o ser humano por meio de pulgas que vivem em animais de pequeno porte. O vírus assume as formas: bubônica, septicêmica e pulmonar. A bubônica afeta os gânglios linfáticos, e leva esse nome por provocar bubões ou bubos, isto é, inchaços infecciosos. É a mais famosa e ficou conhecida na Idade Média como a “peste negra”, ocasionando os surtos mais mortais da história da humanidade. Foi chamada assim pelas manchas escuras que causava na pele. A septicêmica ocorre quando a infecção se propaga pelo fluxo sanguíneo e pode levar à morte. A pulmonar pode ocorrer por consequência das duas anteriores, quando afeta a respiração e compromete os pulmões. Basicamente, a diferença entre as três é o local da infecção — gânglios, sangue ou pulmões.
De acordo com o teólogo e hebraísta Luiz Sayão, a Bíblia apresenta as palavras praga, peste ou pestilência e até epidemia em alguns momentos da história do Israel antigo. “Surpreendentemente, há muito mais na Bíblia do que as chamadas pragas do Egito”, disse. “Quando observamos o que aconteceu com os filisteus, por exemplo, quando estavam com a Arca da Aliança, podemos imaginar que foi uma mini peste bubônica”, disse ao se referir ao episódio descrito no livro de 1 Samuel. “Mas, quando a arca chegou, a mão do Senhor castigou aquela cidade, e trouxe-lhe grande pânico. Ele afligiu o povo da cidade, jovens e velhos, com uma epidemia de tumores.”
Para muitas doenças manifestadas na pele das pessoas, a Bíblia usa termos como tumores ou lepra. O termo “lepra”, por exemplo, tradução da palavra original “Tsarat”, significa somente “doença de pele contagiosa”. O teólogo aponta para o cuidado de compreender a realidade do mundo antigo. Logo, é possível que doenças que vimos em nossos dias, possam ter assolado as nações no passado bíblico.
“Sobre datação, não há a mínima possibilidade disso, já que a partir do livro de Gênesis, as tentativas pouco fundamentadas de vários estudiosos estão equivocadas”, comentou. “As genealogias bíblicas são incompletas intencionalmente, o calendário utilizado pode ser distinto do nosso. Não sabemos, por exemplo, que tipo de calendário teria sido usado para contar os anos de vida dos descendentes de Adão”, especificou.
Mas, independentemente de associar ou não a um tempo bíblico a tal epidemia que ocorreu há 5 mil anos, conforme os cientistas sugerem, é essencial compreender que pragas, pestes e epidemias sempre fizeram parte da história da humanidade. “O cenário que nos desafia pode nos ajudar a aprender e a crescer. Não podemos sair desse momento do jeito que a gente entrou. Nesses momentos de pandemia, devemos ser solidários. Nas histórias de epidemias dos tempos antigos, muitos doentes eram expulsos de casa, mas os seguidores de Jesus pegavam os doentes na rua para cuidar deles, mesmo sabendo que podiam ser contaminados. Isso mostrava o valor que eles davam à vida humana. Que sejamos, nesse tempo, também um caminho de bênção para as pessoas”, concluiu.
Por: Rhajjah Benites