Tem alguém parindo aqui?

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Esse foi o comentário que ouvi de algum paciente que estava na fisioterapia assim como eu, para fazer exercícios de recuperação por algum "problema" em alguma parte de corpo certamente, que pelo visto não era no mesmo lugar que o meu (joelho), pois se fosse, ele (a) talvez não teria sido tão indelicado debochando de uma situação de tamanha dor.

Já pensou quantas vezes nós nos pegamos fazendo críticas e debochando assim da dor, sentimentos, e atitudes do outro?

Quem garante que não agiríamos da mesma forma?

Eu já tive dores terríveis por exemplo, por conta de cálculos renais.

Só quem já sentiu sabe, que essa sim é uma dor onde vemos até grandes e fortes homens literalmente urrarem de dor! 

E quando ouvi dizer que essa dor era semelhante a dores de parto eu pensei: "Meu Deus, nunca mais quero sentir isso na vida!" Por isso optei por três cesáreas e não me arrependo, porém não critico quem não faz, pois também sei que tem mães que sentem essas dores intensamente e outras já não sentem absolutamente nada…, mas de fato, eu não quis ver para crer!

O que dizer dos sintomas como o Covid então?

A maioria das pessoas são assintomáticos (aconteceu com meu esposo) outros tem alguns sintomas leves (como aconteceu comigo) e outra parcela inspiram maiores cuidados chegando a precisar internar com risco potencial até de morte (aconteceu com um familiar muito próximo).

E porque insistimos em sermos debochados e críticos com relação às dores do outro se estamos no mesmo barco e estamos sujeitos a sentirmos as mesmas dores ou até piores?

Alguém quer ver para crer? Eu não desejo que ninguém rompa o ligamento do joelho para passar por dor semelhante, mas confesso que no momento que ouvi as risadas e aquele deboche eu desejei do fundo do meu coração que a pessoa que dizia isso pudesse sentir essa dor pra quem sabe "calar a sua boca", mas como eu não podia fazer nada além de gritar mais e mais, eu fiquei nervosa ao ponto de apenas chorar compulsivamente, e essa explosão de sentimentos aconteceu em segundos até que a minha fisioterapeuta, foi me acalmando e entendeu o meu momento. Várias coisas passaram na minha cabeça naquele momento, me levantar por exemplo e questionar: "Quem é você que estava agora pouco rindo de mim? Deixa eu ver o que você veio tratar aqui e dar uma apertadinha!

Esse é o nosso senso de justiça, o desejo da “vingança maligna!"

Mas logo já desarticulei isso da minha cabeça e optei apenas por me calar e deixar Deus cuidar do resto. Porque tudo o que eu mais quero é ser aprovada nessa nova etapa do (meu) processo de recuperação, e porque não dizer nessa área da minha vida? 

Em meio as dores do processo, somos aprovados por Deus ou não.

Você aguenta pressões? Eu aguentei calada na primeira semana, na segunda eu gritei, e ainda fui afrontada. Nas dores do dia a dia, passamos por situações semelhantes e quantas vezes eu sei que reprovei quando passei por isso antes !! 

Mas a bíblia diz: "Irai-vos e não pequeis, não se ponha o sol sobre a vossa ira" (Ef 4:26) apenas fiquei feliz em não pecar e não cair nessa de discutir com quem não está vivendo (o meu) processo.

Então, penso que Deus me deu essa oportunidade de poder vencer meu direito de justiça, e ainda que esteja doendo (o meu processo) para voltar a dar novos passos de novo, eu sei que essa dor é necessária e não posso perder o foco e a disciplina para vencer essa etapa, até poder chegar a correr novamente, sem muletas, sem dores, sem ligar para os que gritam na tentativa de me ridicularizar tentando me desestabilizar! 

Jesus conhece as minhas e as suas dores, ele as levou sobre si, Ele venceu por mim todas as coisas e por isso Ele me chamou para ser Mais que Vence (dor)!

 

Por Viviane Barreto