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Ser vítima da violência é um problema vivido por várias mulheres diariamente e ser vítima de quem menos se espera é ainda mais grave, ainda mais quando se acontece dentro de casa.
Muitas mulheres estão sofrendo com algum tipo de violência, e nos últimos meses durante o isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus o numero de mulheres que sofrem com a violência só tem aumentado e muito dessas mulheres preferem silenciar suas dores se agarrando a fé.
A situação piora quando acontece com uma mulher cristã, onde escolher uma saída fica bastante difícil quando há crença e doutrina de manter um relacionamento intacto diante da palavra são os casos mais difíceis de serem solucionado, segundo especialista.
Mas há quem é diferença em meio a multidão.
A reportagem do ToNoGospel traz uma história impactante de coragem, fé e principalmente superação em meio a violência dentro de casa por anos.
Por medidas de segurança e de não exposição, a mulher descrita nesta reportagem como *Maria tem 33 anos e há pelos menos 10 sofreu relacionamento abusivo dentro de casa e há meses tomou uma decisão que mudou completamente sua vida.
“Eu achava que o que eu vivi era amor, começou com ele bebendo, depois com um grito, outra vezes empurrão, quando chegou na violência física e verbal. Ele me xingava, me humilhava e deixava eu para baixo isso por anos. Foi quando eu tomei coragem, peguei minhas duas filhas e sai de casa sem nada, fui para a Casa da Mulher Brasileira em busca de ajuda, depois recuperei tudo dentro da lei”, disse.
Mas para dar a volta por cima, Maria precisou de muita ajuda, dentre elas, destaca a fidelidade de Deus. “Busquei ajuda na delegacia da mulher e em várias coisas elas me ajudaram, vários momentos, como ser humana e como amiga. Também tive ajuda das minhas filhas da minha irmã, tive muita ajuda de colegas que passou pela mesma situação e principalmente de Deus, foram eles que me ajudaram a superar o que eu passei, e achei que não ia ter ajuda mas fui surpreendida com apoio de pessoas que eu nunca imaginei”, explica.
Para a Psicóloga Viviane Vaz, os indícios mais característicos da mulher que sofre violência são os sinais de tristeza profunda, ansiedade, medo, ficar se escondendo, histórias não coerentes e baixa autoestima.
Com a pandemia, a especialista explica que os casos aumentaram por diversos fatores, sempre dentro de casa, devido ao isolamento social. “ Isso tem se dado pelo aumento do consumo de álcool, o fato de estarem isolados, preocupados, ociosos, acaba que também gera um sentimento, uma questão emocional mais abalada, consequentemente as pessoas ficam mais vulneráveis emocionalmente, mais irritadas, e um relacionamento que já não vai bem e considerando as emoções mais afloradas, as violências acontecem mais frequentemente em famílias que os relacionamentos mais afetados”, explica.
Outra coisa comum, segundo a psicóloga é a violência no meio evangélico. “É comum achar que isso está relacionado com amor, quando na verdade não, existe muitas crenças de preservar a família a qualquer custo, ou por que ama muito, mesmo estando em um relacionamento agressivo e (a mulher) se submete a qualquer coisa, é preciso ter essa conscientização da situação”, detalha.
TRATAMENTO
De acordo com a psicóloga o tratamento terapêutico é uma ferramenta que ajuda muito após a mulher sair de um relacionamento abusivo, ou até mesmo, quando está tomando coragem para sair de um. “A terapia vai trabalhar autovalorização, levar o entendimento de que ninguém merece sofrer, ninguém merece a violência, o processo terapêutico faz esse processo de quebrar crenças militantes e pensamentos que faz a mulher achar que é normal está em um relacionamento abusivo”, destaca
Hoje liberta e com uma vida nova, Maria quer que outras mulheres que estão passando pelo mesmo que ela passou sejam livres.
“Eu diria para as mulheres que passam por isso, para buscarem ajuda, a gente pensa que tudo está acabado, eles nos fazem entender que ninguém gosta da gente, eles entram em nossa mente, então digo para as mulheres que tenham força, coragem e fé, para seguir em frente, buscar ajuda, denúnciar para as pessoas certas, o mais importante é a vida, tem tantas mulheres que não tiveram oportunidade, então enquanto há vida, é preciso buscar ajuda. Deus nos ajuda de um jeito que a gente nem imagina, Ele quer nos ver felizes, hoje eu sou muito feliz, casei de novo, tenho ao meu lado um companheiro que sempre me ajuda e me apoia”, conta.
BUSQUE AJUDA
Para a especialista, a mulher que está sofrendo violência, primeiro precisa entender a situação em que se encontra e pedir ajuda. “Ninguém merece passar por isso, seja qual a justificativa, não importa, isso é lei, ninguém tem o direito de violentar ninguém", explica.
Viviane ainda complementa que buscar ajuda psicológica e também das autoridades são os primeiros passos para a liberdade da mulher. “A mulher pode buscar ajuda sim, se aconselhar com alguém, é muito difícil, muitas mulheres adiam a denúncia por medo dos filhos, perseguição, sentimento de ingratidão, é necessário um aconselhamento, e uma busca terapêutica”, finaliza.
ATENDIMENTO A MULHER
A mulher que está em busca de ajuda pode procurar a Casa da Mulher Brasileira que tem todas as ferramentas em qualquer área para ajudar, até mesmo se a mulher precisar mudar de cidade.
A Casa da Mulher fica aberta 24 horas e está localizada na Rua Brasília, Lote A, Quadra 2 s/n – Jardim Ima, em Campo Grande e também pelo Telefone: (67) 2020-1300.
Para quem mora no interior do estado, a mulher pode buscar ajuda na delegacia da mulher de sua cidade.
Campanha Sinal Vermelho: A mulher também pode pedir ajuda através da campanha Sinal Vermelho. As mulheres vítimas de violência doméstica podem procurar uma farmácia com um X vermelho na mão ( pode ser usado uma caneta vermelha ou um batom) e mostrar ao atendente ou farmacêutico. Este, por sua vez, vai acionar a polícia pelo telefone 190.