Grupo de Ateus move ação contra prefeito Crivella por show gospel no Réveillon de Copacabana

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A Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) está movendo uma ação civil pública por ato lesivo ao patrimônio artístico, estético, histórico ou turístico contra Marcelo Crivella (Republicanos) e a Prefeitura do Rio. A Atea questiona a programação de shows do Revéillon de Copacabana e pede o cancelamento da apresentação da cantora gospel Anayle Sullivan, programado para a noite da virada.

Segundo a Folha, a ação civil pública que foi distribuída para a 5ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Rio, nesta quarta-feira (11), solicita também que, caso o show aconteça, Crivella retorne o valor gasto com a apresentação para o município.

A Atea solicitou ainda o pagamento de uma multa de R$50 mil se a programação não for alterada. A associação argumenta que o uso de recursos públicos para contratar Anayle Sullivan desrespeita o princípio da laicidade e argumentam que o Estado não pode promover nenhuma religião.

Para a Atea, a apresentação da cantora evangélica ofende a liberdade de crença de moradores e turistas que pretendem comparecer ao evento.

A festa neste ano terá quatro palcos entre os 4 quilômetros da Praia de Copacabana. A expectativa da Prefeitura é superar o recorde de público da última edição, que reuniu 2,8 milhões de pessoas para acompanhar o espetáculo.

Na ação, a Atea compara o show da cantora gospel com uma pregação religiosa e remete a uma jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio que veda a realização de cultos e adorações em bens públicos.

Segundo o grupo, "a música gospel em nada difere, em conteúdo, da pregação religiosa habitual de pastores e ministros de confissões religiosas".

“Essa ideia de mais três palcos em Copacabana […] também dá espaço à canção gospel, que é na nossa cidade o primeiro lugar disparado nas rádios. Essa música, pela primeira vez, terá palco especial para ela” disse o prefeito Crivella.

Em nota à Folha, a Riotur, empresa responsável pela organização do evento, afirmou que o Réveillon de Copacabana é uma festa democrática e uma interpretação diferente disso seria uma “manifestação de preconceito”.

"O Réveillon Rio 2020 será um evento grandioso e plural, contemplando todos os estilos musicais", continuou o órgão. "Os palcos espalhados pela orla de Copacabana tocarão diversos ritmos, passando pelo samba, pagode, rock, funk, gospel, entre outros", completa a nota.

Além da cantora gospel Anayle Sullivan, Diogo Nogueira, Ferrugem, a Escola de Samba da Mangueira e DJ Malboro, comemorando os 30 anos do funk, estão confirmados na programação de shows.