Após incêndio criminoso que destruiu o barracão Kwe Cejá Gbé de Nação Djeje Mahin, em 2014, o terreiro de candomblé da mãe de santo Conceição d`Lissá, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), será reformado. A verba de R$ 11 mil foi doada pela Igreja Cristã de Ipanema, que é evangélica, e pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. A doação será oficializada — e celebrada — no dia 22 de novembro, em um café da manhã no terreiro. Representantes das duas religiões irão comparecer.
A ideia de fazer a doação partiu da pastora luterana Lusmarina Campos Garcia, então presidente do Conselho de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeiro (CONIC-Rio). Lusmarina, que fazia parte da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, sugeriu a doação ao babalawô Ivanir dos Santos, também integrante da comissão. O compromisso foi assumido em 2014. Após um período de interrupção, a campanha foi retomada pela Igreja Cristã de Ipanema, que atingiu o valor necessário para as obras.
Para o babalawô Ivanir dos Santos, o gesto é importante no combate à intolerância religiosa e "toca o coração de todo mundo". “É um gesto muito importante, primeiro porque se trata de uma religião que é demonizada constantemente por alguns evangélicos. Quando você tem um grupo de evangélicos como esses, que vão além de um gesto de pedir perdão, mas têm um gesto de amor com a doação de recurso para fazer o templo…isso tem um valor gigantesco. É um gesto de amor o outro como a ti mesmo. Não é pelo dinheiro. É pelo amor que traz esse gesto”, comemorou em depoimento ao Jornal Extra.
O Pastor Edson Fernando, que está à frente da Igreja Cristã de Ipanema há 25 anos, também comemorou a arrecadação. Para ele, a ação é uma forma de mostrar que as religiões precisam "apostar no acolhimento".
“A ideia era justamente poder ajudar na reconstrução como um gesto não só de amor e solidariedade, mas também como uma forma de dizer que nós repudiamos e ficamos horrorizados com as agressões que as religiões afro-brasileiras sofrem aqui no Rio. Queríamos expressar isso através da doação. É um gesto simbólico para quebrara hostilidade. Queremos apostar no diálogo, no acolhimento, no respeito às diferenças”, falou.
Com informações do Jornal Extra