Entidade teme por aumento de intolerância religiosa após atentado

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O ataque à sede da revista Charlie Hebdo, em Paris, causa preocupação em entidades de combate à intolerância religiosa. Se por um lado é necessário garantir a liberdade de imprensa e de expressão, por outro, é preciso também que as diversas religiões do mundo possam se expressar e que, principalmente os muçulmanos, não sejam estigmatizados e se tornem alvo de ataques de vingança.

A avaliação é do interlocutor do da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos. Para ele, se um por um lado o atentado é totalmente condenável é preciso ter a consciência para não incentivar o desrespeito á liberdade religioso e atribuir, por exemplo, sobre os mulçumanos uma atitude que foi de um grupo extremista. Manifestações em países europeus querem restringir a entrada dos mulçumanos.

A preocupação de Ivanir dos Santos é quanto à forma com que esse ataque vai repercutir aqui no Brasil. De acordo com ele ele, posições intransigentes e de intolerância já são comuns aqui. Agora, é preciso evitar que esse movimento cresça.“A gente tem que ter muita responsabilidade, muita maturidade em saber conduzir em um momento difícil como esse, que no Brasil setores que já tem essa postura não cresçam”, declara em entrevista á Rádio Agência Nacional.

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa ressalta a importância do respeito à todas as religiões e ao papel essencial da liberdade de imprensa e expressão. O grupo acredita que todos os segmentos religiosos não compartilham orientações criminosas como a ocorrida em Paris na quarta-feira (7).

Embora a comissão tenha mais cautela em avaliar os atentados, o mesmo não se pode dizer do deputado federal Durval Ângelo (PT/MG). O parlamentar criou polêmica nas redes sociais ao comparar o terrorismo islâmico com o que chama de “extremismo cristão”. Ao comentar o ataque no Twitter o deputado questionou se não existe algo semelhante no Brasil. Para ele, o extremismo cristão parte da intolerância religiosa com gays, com as religiões de matriz africana e questionou se este extremismo não seria capaz de matar.

Após receber diversas postagens contra sua opinião, o deputado escreveu ainda nesta sexta-feira (9/1): “Recebi umas 5 centenas de postagens com impropérios poucos religiosos e cristãos. Só pq fiz 3 perguntas… O q confirma a intolerância”.

A revista de humor Charlie Hebdo teria sido atacada por publicação de charges do profeta Maomé. O periódico já havia sofrido ataque no ano de 2011.