Fala de vereador sobre homossexuais causa polêmica em Dourados

Compartilhe:

Em nota distribuída à imprensa nesta terça-feira (16/9), o vereador e candidato a deputado estadual pelo PSB, Sérgio Nogueira, afirma que está sendo vítima de uma “campanha de difamação” após o discurso feito por ele no plenário da Câmara de Dourados, na sessão da manhã de segunra-feira (15).

Ao comentar convite que recebeu da Secretaria Municipal de Assistência Social para um workshop sobre combate à homofobia, Sérgio Nogueira criticou o governo federal por incentivar a “desconstrução da família” e sugeriu deixar homossexuais em uma ilha por 50 anos, para comprovar que não seria possível pessoas do mesmo sexo viver em família.

“O contexto da discussão era sobre o ensino da orientação homossexual nas escolas, de forma sistemática, conduzida pelo Estado e direcionado ao público infantil. O vereador compreende e respeita os direitos civis da comunidade homo-afetiva. No entanto, defende que uma temática desta natureza, quando endereçados ao público infantil, não pode ser imposta unilateralmente pelo Estado, antes, deve ser debatida com as famílias dos alunos, com os diretores e professores das escolas e com as lideranças religiosas que manifestam posicionamentos plurais quanto ao assunto”, afirma a nota distribuída pela assessoria do vereador.

Ainda conforme a assessoria, a ilustração usada pelo vereador “jamais sugeriu a segregação dos homossexuais, como apontou difamatoriamente a reportagem do portal da 94 FM”. Através da nota, Sérgio Nogueira afirma que a frase se insere “dentro da linha argumentativa de que a orientação homo-afetiva não deve ser tomada como medida padrão de sexualidade a ser ensinado na rede de educação infantil”.

O vereador argumenta que, se por um lado admite-se que não deva existir a discriminação de pessoas por causa da opção homo-afetiva, por outro o Estado deve respeitar a sociedade, sobretudo o segmento religioso cristão, e não utilizar a rede de ensino para estimular crianças ao comportamento homossexual através de material didático, “como se pretendeu fazer com os kits de educação sexual do Ministério de Educação em 2013”.

Sérgio Nogueira conclui a nota dizendo que todos devem ser contrários à discriminação de pessoas por causa da orientação homossexual, “no entanto, a acusação de homofobia não pode se constituir em um argumento neutralizador da compreensão das comunidades religiosas sobre temas desta natureza”.

O vereador também afirma na mesma nota que a divulgação de seu discurso no site da rádio 94 FM foi feita de forma oportunista por interesse eleitoral.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Dourados, Márcio Fortini, comparou ao “Apartheid”, como ficou conhecida a separação entre negros e brancos, a proposta do vereador e Sérgio Nogueira de levar homossexuais para uma ilha e deixá-los lá por meio século.

“Eu não sei se o vereador disse mesmo o que a imprensa divulgou, mas se ele falou foi no mínimo muito infeliz. Como pastor e cidadão ele tem o direito de ter a sua convicção, mas ele é um homem público, não pode tomar essa postura”, afirmou Márcio Fortini, reforçando que fala apenas com base nas informações divulgadas pela imprensa, já que não ouviu o discurso do vereador. Com informações do Campo Grande News