A rejeição da apresentação cantora espírita Rita Ribeiro no Projeto Quinta Gospel causou confusão durante a sessão desta quinta-feira (7/8) na Câmara Municipal de Campo Grande. O bate-boca foi parar na tribuna da Casa após pronunciamento do vereador Eduardo Romero (PT do B) sobre o assunto. O parlamentar prometeu ir ao Ministério Público resolver a questão.
De acordo com o vereador, chegou ao seu gabinete um ofício da presidente da Tenda de Umbanda Pai Joaquim de Angola, relatando a situação da cantora. Rita teria sido rejeitada formalmente, via ofício, pela secretária de Cultura Juliana Zorzo no evento. O documento foi mostrado durante a sessão. Isso porque a cantora possui um CD chamado “Tecnomacumba”.
“Isso é uma intolerância religiosa. O projeto prevê artistas nacionais e regionais. Estou aqui com a cópia do projeto, que mostra que não há delimitação de religião para o evento”, destacou o vereador, vice-presidente da Comissão de Cultura da Câmara. Em resposta à cantora, a secretária teria dito que a cantora foge à proposta do evento, destinado ao público “evangélico cristão”.
O Projeto Quinta Gospel é de 20 de julho de 2012 e de autoria do então vereador Lídio Lopes. Em sua página na rede social, o vereador Eduardo Romero ressaltou que o evento conta com recursos públicos e beneficia milhares de campo-grandenses e desta vez, o espaço tem sido requerido por representantes de religiões de matriz africana. “Ressalto que a discussão na Câmara não é religiosa ou ideológica, mas sim sobre os investimentos públicos que devem atender a todos. O projeto não delimita religião, não estamos brigando com os evangélicos, aliás, temos várias comunidades religiosas deste segmento que visitamos nas comunidades e recebemos em nosso gabinete”, destaca o vereador Romero reforçando que será encaminhado um ofício á Fundação Municipal de Cultura e ao Ministério Público questionando o posicionamento sobre o projeto.
O vereador Herculano Borges (PSC), da bancada evangélica da Câmara, contestou o vereador. “Tecnomacumba? É brincadeira. Isso é uma afronta”.
Rose Modesto (PSDB) que também é autora da lei, disse que não pensou em prestigiar somente o público evangélico. "Quando assinei o projeto pensei em prestigiar o povo que aprecia a música cristã. A Quinta Gospel não é apenas para o público evangélico", destacou a tucana.
O vereador Paulo Pedra (PDT) ironizou e disse que a secretária deveria ler a lei antes de assinar sobre o assunto. "Isso demonstra total preconceito. Faço uma crítica construtiva para que a Juliana leia novamente a lei, já que o Estado é laico".