Historia de superação ajuda a fundar Casa para recuperar dependentes

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Há 6 anos, Davi Francisco Ribeiro Neto, passou por uma experiência que mudou sua vida. Dependente químico, foi alvejado por cinco tiros. Internado no hospital, usava fraldas, mal podia se mexer e alimentava-se por sonda. Os médicos anunciavam que ele ficaria tetraplégico, caso sobrevivesse. Então, pediu uma oportunidade a Deus.  “Dizia sempre a Deus que se Deus me devolvesse meus movimentos, que se eu pudesse caminhar novamente nem que se fosse de cadeira de rodas, que nem de cadeira de rodas os médicos disseram que eu ia andar, eu iria fazer alguma coisa”. Assim nasceu a Casa de Recuperação Restaurando Vidas em Três Lagoas. Por causa dos tiros, Davi hoje precisa de uma muleta. Mas nada o impede de atender 30 internos da Casa.

O grupo passa por uma triagem, em um sítio, localizado há 7km da cidade. No local são realizadas diversas atividades como oficinas de construção, jardinagem e horta, além dos afazeres para manutenção do local. O grupo é composto por adultos e chegam á instituição por conta própria.   “A recuperação começa quando a pessoa quer se recuperar. Quando você impõe, vai haver uma desintoxicação, mas quando ela vem mesmo por decisão, que ela reconhece que ela precisa, que ela quer mesmo se recuperar aí acontece um trabalho bonito e a pessoa volta ao seio da sociedade recuperada”, destaca Davi Neto, em depoimento ao ToNoGospel.

Os internos ficam na Casa por 6 meses. Depois desse tempo, eles são encaminhados para um emprego formal, com registro em carteira, através de uma parceria com a iniciativa privada. Eles recebem acompanhamento por mais 4 a 5 meses. Só então são liberados. Ainda assim os casos de reincidência acontecem com muita frequência. Não há um trabalho posterior para acompanhar os internos e muitos voltam para uma família despreparada para recebê-los.  “E de repente lá do outro lado ficou uma família magoada por que ele vendeu uma bicicleta, um aparelho de som, um botijão de gás, enfim… ele acaba ferindo a família. E daqui a pouco ele volta para a família, e aí? Aí a família está despreparada. Pode se perder todo um trabalho de 7,8, 10 meses” explica o fundando da Casa, lembrando ainda que os internos precisam lutar com a descrença de membros da família sobre a própria recuperação.

Porém, há casos também de internos restaurados que retornam apenas para ajudar. Voluntários espalhados por outras cidades como Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG), não perdem a oportunidade de voltar para contar a própria historia de recuperação.   “Pessoas que se recuperaram e que hoje trabalham, tem pessoas que hoje tem a empresa deles, a oficina, que passaram por aqui, se recuperou, hoje tem esposa, tem filhos e que toda semana ele está inserido dentro do próprio projeto dando palestras, dando testemunho. Pra mim, é muito gratificante”, declara Davi Neto.

A demanda é cada vez mais crescente para entrar na Casa. Não raras as vezes, os dependentes procuram a instituição durante a madrugada pedindo por socorro.

Davi Ribeiro Neto abdicou de tudo para fazer o trabalho em prol do próximo. Transformou a própria residência em uma Casa de Recuperação dentro da cidade e espera por mais incentivo e apoio da comunidade e do poder público.  “É tudo feito na raça. É de domingo a domingo, eu vivo isso aqui, eu não tenho outra atividade”, destaca ao lamentar que gostaria de oferecer mais oficinas e atividades para ajudar na estabilização da nova condição dos internos.

Nos 6 anos de trabalho, um caso chamou a atenção do fundador da Casa. Um jovem, certa vez, participou da triagem, tomou banho, cortou o cabelo e enquanto estava no horário de descanso, desistiu de ficar na Casa. Ele questionou o rapaz.  “Ele me disse assim: ‘eu já acostumei a viver na rua, eu já acostumei a comer do lixo, eu não consigo permanecer num lugar desses’. Isso me marcou muito, já por conta da dependência química mesmo, por causa do crack mesmo. A roupa suja eu mando jogar fora e ele pediu a roupa dele de volta para que ele voltasse á dependência do crack. Tomei um ‘baque’ muito grande”, desabafa.

Para ajudar a Casa de Recuperação Restaurando Vidas em Três Lagoas, basta entrar em contato pelos números (67) 3522-8510/ 9149-6779.