Situação de crianças indígenas é de calamidade, alerta missionária do movimento ATINI

Compartilhe:

Integrante do “Movimento ATINI- Voz pela Vida”, Simone Melo, esteve no II Encontro de Lideranças Evangélicas em Campo Grande e ministrou palestra na tarde do dia primeiro, Dia do Trabalhador. A missionária trouxe um alerta a toda igreja brasileira e de Mato Grosso do Sul. O movimento é ATINI é uma organização sem fins lucrativos, sediada em Brasília (DF), reconhecida internacionalmente por sua atuação pioneira na defesa do direito das crianças indígenas. A ATINI é formada por líderes indígenas, antropólogos, lingüistas, advogados, religiosos, políticos e educadores. O movimento ATINI visita as aldeias espalhadas pelo Brasil com palestras, orientações, apoio assistencial e material educativo de combate a uso de drogas, aborto, exploração sexual e violência. Em Brasília, a “Casa das Nações” recebe famílias que deixam suas comunidades para salvar os filhos. Dados da Unicef, Fundação das Nações Unidas para Infância, reconhece as crianças indígenas como um dos grupo mais marginalizados do mundo. Conforme o IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- em 2012 havia 250 etnias no Brasil, sendo oito em Mato Grosso do Sul. Uma população representada por 896 mil pessoas, sendo 32,6% são crianças de 0 a 14 anos. O dado alarmante é que 10% dessa população acaba como vítima de infanticídio, ou seja, assassinada pelos próprios parentes nos primeiros 60 dias de vida. Encarado como algo cultural dentro das aldeias, os motivos são inúmeros para ceifar a vida das crianças e vão desde de serem filhos de mães solteiras, doenças físicas e neurológicas ou simplesmente por serem de sexo indesejado pelos pais. No Vale do Javari, no Amazonas, na fronteira do Brasil com o Peru a média de mortalidade chega a 100 mortes para cada mil crianças nascidas vivas, 5 vezes mais que a média nacional. Simone Melo chegou a visitar a aldeia Jaguapiru, em Dourados e confessou nunca ter visto tantas vezes, em uma mesma localidade, o carro do Instituto Médico Legal (IML). Ela lembrou , em uma dessas visitas, do caso de uma bebê de nove meses, com síndrome de Down. Apesar a movimentação dos próprios pais, desesperados pela situação e da comunidade, não foi possível a realização da cirurgia e o bebê faleceu após cinco paradas cardíacas. A missionária ainda referiu-se ao caso da menina de dez anos que chegou a dar luz á uma criança, no mês de fevereiro, no Hospital da Missão Caiuá. Em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e na região norte, Simone Melo disse que a situação das crianças indígenas é de emergência, calamidade pública e tragédia anunciada e lembrou ainda que no mundo espiritual, a moeda de troca é o sangue. “Agora você imagine o tipo de legalidades estão sendo dadas quando o sangue de crianças, nativas desse país, está sendo derramado neste chão”, disse durante a palestra, dizendo que a Igreja tem feito pouco ou quase nada a respeito do assunto. Para convocar a igreja, a missionária pede que os líderes movimentem a classe política para aprovação do Projeto de Lei 1.057, de 2007, do deputado Henrique Afonso (PV/ AC). A proposta de garantia do direito e defesa á vida das crianças foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça. Ainda precisa ser aprovado em plenário da Câmara e segue para sanção presidencial. ATINI significa “voz” na língua suruwahá e foi inspirado na luta de uma mulher indígena, Muwaji Suruwahá, que levantou a voz a favor da própria filha Iganani. A menina, com paralisia cerebral, estava condenada à morte por envenenamento em sua comunidade. Muwaji desafiou a tradição de seu povo, conseguiu salvar a filha e garantir tratamento médico. Em março deste ano, Iganani completou dez anos. O versículo de atuação do Movimento ATINI é Provérbios 31: 8-9. “Abre a tua boca a favor do mudo, pela causa de todos que são designados à destruição. Abre a tua boca; julga retamente; e faze justiça aos pobres e aos necessitados.” É possível também, ajudar o Movimento através de doações. Detalhes em http://vozpelavida.blogspot.com.br/